Como Cultura e Esporte se Tornam Vitrines para Seguradoras

Como Cultura e Esporte se Tornam Vitrines para Seguradoras

Você já parou para pensar como as seguradoras estão se reinventando? Ao patrocinar eventos culturais e esportivos, elas criam laços emocionais com o público, tornando-se mais visíveis e relevantes. Vamos explorar essa tendência!

Seguradoras: Conectando-se Através da Cultura e do Esporte

Normalmente, a gente só lembra do seguro quando algo ruim acontece, né? Um acidente de carro, uma doença inesperada ou até a perda de alguém. E, convenhamos, seguro não é algo que a gente posta no Instagram como um carro novo ou um tênis da moda. Essa realidade pode deixar as seguradoras meio invisíveis ou, pior, ligadas a momentos difíceis. Para mudar essa percepção, muitas empresas do setor estão investindo pesado em eventos culturais e esportivos, buscando associar suas marcas a experiências positivas, de alegria e superação.

Patrocínios Estratégicos: Mais que Marketing, Conexão

Essa abordagem vai além da publicidade tradicional. Ao apoiar peças de teatro, shows, exposições ou competições esportivas, as seguradoras conseguem expor suas marcas de uma forma mais afetiva e memorável. É uma maneira inteligente de criar um vínculo emocional com o público, mostrando que elas também fazem parte dos bons momentos da vida.

Bradesco Seguros e o Circuito Cultural

Um exemplo clássico dessa estratégia é o “Circuito Cultural” do Bradesco Seguros, que existe desde 2007. O programa patrocina diversas produções, como peças de teatro, exposições de arte, musicais e até a publicação de livros. Esses eventos viajam por várias cidades do Brasil, levando cultura e entretenimento. Peças com grandes nomes, como “O que só sabemos juntos”, estrelada por Tony Ramos e Denise Fraga, que estará em cartaz até novembro, são destaques. Segundo Alexandre Nogueira, diretor de marketing, a empresa busca reforçar valores como família, sustentabilidade, longevidade e planejamento através desses patrocínios.

A Força dos Naming Rights: Marcas Fixas em Grandes Palcos

Outra tática que ganhou força é a aquisição de “naming rights”. Em vez de patrocinar turnês itinerantes, as empresas associam seu nome a um local fixo, garantindo visibilidade constante. É como batizar um espaço, tornando-o uma extensão da marca.

Tokio Marine Hall: Um Case de Sucesso

Desde 2020, a famosa casa de shows em Santo Amaro, São Paulo, que antes era conhecida como Tom Brasil e depois HSBC Brasil, agora é o Tokio Marine Hall. Esse espaço já recebeu grandes nomes da música brasileira, como Chico Buarque e Ney Matogrosso, e tem shows de Roberto Carlos e Maria Bethânia programados para este ano. Para a Tokio Marine, essa parceria se mostrou um excelente negócio. Flávio Otsuka, diretor de estratégia de crescimento e marketing, revela que cada real investido nos naming rights gera uma exposição de marca que custaria dez vezes mais em mídias tradicionais como rádio, TV, jornais e plataformas digitais. O público-alvo, acima de 25 anos e das classes A e B, tem um “fit” perfeito com a empresa.

Allianz Parque: O Gigante do Esporte e Entretenimento

No cenário esportivo, o exemplo mais emblemático de naming rights é o Allianz Parque. O antigo Parque Antártica, estádio do Palmeiras em São Paulo, foi rebatizado e se tornou um polo de eventos. Em 2024, a arena sediou 30 jogos de futebol e 47 grandes shows, incluindo a memorável apresentação do ex-Beatle Paul McCartney. A presença da Allianz nesse espaço de grande visibilidade reforça sua marca junto a milhões de fãs de esporte e música.

Unimed Seguros: Inovando nas Telas de Cinema

A Unimed, conhecida por seus planos de saúde regionais, enfrentava o desafio de mostrar que a Unimed Seguros, seu braço de seguros residenciais, odontológicos, de vida e responsabilidade civil, oferecia muito mais. A solução criativa foi patrocinar os trailers de segurança exibidos antes dos filmes nas salas de cinema. De novembro de 2022 a junho deste ano, esses vídeos com a marca Unimed Seguros foram vistos impressionantes 239 milhões de vezes, em 2.146 salas de cinema espalhadas por 132 cidades — todas elas, por sinal, seguradas pela própria empresa. Além disso, a seguradora apoia o time feminino de vôlei do Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo, e as duas equipes do Brasília Vôlei.

Outros Patrocínios Esportivos e Culturais de Destaque

A Porto também se destaca com uma agenda cheia de patrocínios, como as festas de São João no Nordeste e o Porto Blue Sound no Sul, que, segundo Luiz Arruda, vice-presidente de comercial e marketing, fortalecem os atributos de confiabilidade e segurança da marca. A empresa possui um teatro em sua sede em São Paulo, mas não planeja investir em naming rights. No automobilismo, a Metlife patrocina o piloto de Stock Car Átila Abreu, conectando sua marca a momentos de emoção e superação, conforme Denise Coelho, diretora de marca. A Metlife também apoia o festival de música C6 Fest e a casa de shows Vibra São Paulo (antiga Credicard Hall). Já a Porto estende seu apoio ao piloto de Fórmula 1 Gabriel Bortoleto.

Construindo Laços: A Conexão Emocional com o Consumidor

Em suma, a estratégia de patrocinar eventos culturais e esportivos permite que as seguradoras se insiram no cotidiano das pessoas de uma forma leve e positiva. Elas deixam de ser apenas um “mal necessário” e passam a ser vistas como parceiras em momentos de lazer, alegria e conquistas. Essa presença constante e afetiva ajuda a construir uma imagem de marca mais humana e confiável, superando a associação com situações de crise.

O Futuro das Seguradoras no Cenário Brasileiro

Com a crescente busca por experiências e a valorização de marcas que se engajam com a sociedade, a tendência é que mais seguradoras invistam em patrocínios culturais e esportivos. Essa é uma via de mão dupla: as empresas ganham visibilidade e afeto, enquanto a cultura e o esporte recebem o apoio necessário para prosperar, beneficiando a todos os brasileiros.

Fonte: Valor Globo