Você já parou para pensar em como o Privacy by Design pode mudar a forma como os dados são protegidos no setor de seguros? Neste artigo, vamos explorar como essa abordagem inovadora pode transformar a segurança das informações e trazer mais confiança para os segurados.

Privacy by Design: A Base da Confiança no Setor de Seguros

No universo dos seguros, onde informações sensíveis como histórico de saúde e dados financeiros são rotina, a proteção da privacidade é mais do que uma obrigação legal — é um pilar de confiança. É aqui que entra o conceito de Privacy by Design (PbD), uma abordagem que integra a privacidade desde o primeiro rascunho de qualquer produto ou serviço.

Privacidade Desde o Início: O Coração do Privacy by Design

O PbD propõe que a privacidade não seja um “remendo” feito depois, mas sim uma parte fundamental do DNA de tudo que é criado. Isso significa que, desde o desenvolvimento de um novo sistema até as operações di rotina, a proteção dos dados pessoais é pensada e implementada em cada etapa. O objetivo é evitar que os dados dos segurados fiquem expostos a riscos de vazamento ou uso indevido, garantindo que a segurança seja intrínseca, e não apenas uma camada adicionada.

Prevenção e Cultura: Além da Conformidade Legal

A proteção de dados no setor de seguros vai muito além de seguir a LGPD ou as regras da SUSEP. Como destacou Tchule Ribeiro, especialista em segurança da informação da FF Seguros, no 19º episódio do Insurtalks Cast, a segurança precisa ser parte da cultura da empresa. Não é só um “problema da TI”, mas uma ferramenta estratégica que constrói confiança, fideliza clientes e protege a reputação da marca. Isso exige que, ao planejar produtos, as seguradoras pensem desde o início quais dados são realmente necessários, como serão guardados e como o cliente terá controle sobre eles. Uma cultura de segurança forte envolve treinamento contínuo das equipes e políticas claras que vão além do básico.

Vazamentos de Dados: O Preço da Negligência

A preocupação com a proteção de dados é global e tem consequências reais. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recentemente reforçou a responsabilidade das seguradoras, decidindo que o simples vazamento de informações pessoais, como dados médicos e cadastrais de um segurado em contrato de seguro de vida, já configura dano moral presumido. Isso significa que o cliente não precisa provar um prejuízo concreto para ser indenizado. A seguradora é responsável pela falha na proteção, a menos que prove culpa exclusiva de terceiros. A advogada Renata Lelis, especialista em direito e proteção de dados, alertou no Correio Braziliense que a negligência pode destruir a confiança do cliente, levando a impactos graves como discriminação na renovação de apólices ou uso indevido de dados médicos para marketing.

Credibilidade e Transparência: A Estratégia do Privacy by Design

Os números de vazamentos de dados em 2024 mostram a urgência de uma proteção robusta. No terceiro trimestre, o Brasil viu 5 milhões de contas de usuários expostas, um aumento de 340% em relação ao trimestre anterior. Globalmente, foram 423 milhões de contas comprometidas, quase o dobro do período anterior, com mais de 3 mil contas vazadas por minuto. Os Estados Unidos lideraram com 22% das violações, seguidos por França, Rússia, Alemanha e Japão. Ao adotar o Privacy by Design, as seguradoras oferecem mais transparência sobre como os dados são coletados, tratados e eliminados. Essa comunicação clara mostra aos clientes que a empresa se importa com a segurança e o respeito às informações pessoais, fortalecendo a fidelização e a credibilidade do serviço.

Privacy by Design na Prática: Soluções Inteligentes

Como o portal Notícias dos Seguros explica, o Privacy by Design se manifesta em soluções práticas. Por exemplo, simuladores de preços podem calcular valores de apólices usando apenas dados essenciais, como idade e CEP, sem expor informações sensíveis. Plataformas digitais de gerenciamento de apólices garantem que os dados sejam acessados apenas por pessoas autorizadas, com mecanismos de criptografia, anonimização e controle de acesso. Implementar o PbD exige investimento em tecnologia, capacitação das equipes e uma mudança cultural. Apesar dos desafios, o setor de seguros ganha muito, reduzindo riscos de vazamentos, aumentando a confiança do cliente e consolidando sua reputação no mercado digital.

A Proteção de Dados como Pilar do Futuro dos Seguros

O Privacy by Design é mais do que uma tendência; é um caminho estratégico para o setor de seguros. Ele fortalece a confiança, diferencia a empresa no mercado e impulsiona a inovação, permitindo o desenvolvimento de soluções mais seguras e personalizadas. Em um cenário de crescentes ameaças digitais e vazamentos de dados, integrar a privacidade à cultura de seguros é crucial para a longevidade e relevância das empresas. Afinal, a essência do seguro é proteger contra riscos, e essa proteção deve se estender, de forma inegociável, aos dados pessoais dos clientes.

Fonte: Insurtalks