As mudanças climáticas estão moldando o futuro do Brasil, e o setor de seguros se destaca como um aliado crucial na busca por soluções inovadoras. Neste artigo, vamos explorar como as seguradoras estão se preparando para enfrentar esses desafios.
O Setor de Seguros e o Futuro Climático do Brasil
As mudanças climáticas estão moldando o futuro do Brasil, e o setor de seguros se destaca como um aliado crucial na busca por soluções inovadoras. Neste artigo, vamos explorar como as seguradoras estão se preparando para enfrentar esses desafios.
Desafios Climáticos: Um Novo Cenário de Riscos
O Brasil enfrenta um cenário de riscos sem precedentes, com impactos profundos no campo, nas cidades e na infraestrutura. Esses desafios, que afetam diretamente a economia e a sociedade, exigem uma resposta coordenada e inovadora. O setor de seguros, tradicionalmente focado em estatísticas, está se reinventando para oferecer proteção e soluções.
A COP30 e o Protagonismo do Setor de Seguros
A 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que acontecerá em Belém (PA) em novembro, contará com o setor de seguros como um dos principais atores. O economista e embaixador André Correa do Lago, presidente da COP no Brasil, enfatizou a importância das seguradoras para proteger a sociedade durante essa transição. Em um evento pré-COP, organizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) no início de outubro de 2025, em Brasília, Lago destacou que o setor é crucial para prever eventos extremos e contribuir tanto na redução de danos quanto na adaptação aos incidentes inevitáveis.
Estratégias de Mitigação e Adaptação: O Papel das Seguradoras
Dyogo Oliveira, presidente da CNseg e ex-ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, ressaltou que o setor de seguros pode oferecer diversas soluções. Isso inclui desde o papel fundamental de assumir riscos para a sociedade, com produtos e inovações, até a atuação na mitigação, prevenção e redução desses riscos. A capacidade de gerar dados e insights é vista como um diferencial para ajudar o Brasil a se proteger.
Seguros e Agronegócio Sustentável: Uma Parceria Essencial
Um dos painéis do evento em Brasília abordou o apoio ao agronegócio sustentável e as soluções baseadas na natureza. Aloisio Lopes, secretário Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), explicou que as políticas públicas para o campo devem focar na adaptação climática até 2035, com as soluções baseadas na natureza ganhando força. Fátima Lima, presidente da Comissão de Integração ASG da CNseg, destacou que o seguro atua como uma ponte entre o risco climático, a resiliência e as garantias para investidores e produtores. Ricardo Sassi, diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), reforçou que a proteção financeira é vital para os produtores, que não controlam o clima e podem ter suas produções ameaçadas por incidentes imprevistos.
Infraestrutura Resiliente e Proteção de Investimentos
O segundo painel discutiu a resiliência da infraestrutura logística e das cidades. Roberto Guimarães, diretor de Planejamento e Economia da Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (ABDIB), mencionou a “avalanche de projetos” impulsionada por investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e recursos externos, mas apontou a necessidade de ampliar o papel dos seguros, que são mais eficazes e acessíveis que fianças bancárias. Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), enfatizou que a resiliência deve considerar não apenas a infraestrutura, mas também as pessoas, através de políticas públicas e ações do setor privado. Flavio Papelbaum, head de Soluções Imobiliárias e Regeneração Urbana do BNDES, detalhou o envolvimento do banco no desenho de projetos, visando a eficácia na utilização de recursos e a compreensão das vulnerabilidades, especialmente em áreas de risco onde vivem 16 milhões de pessoas em favelas.
O Microsseguro como Ferramenta de Proteção Social
A diretora técnica da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Júlia Lins, explicou que o microsseguro é estratégico para ampliar o acesso da população de baixa renda à proteção. O objetivo é que o seguro tenha uma utilidade social significativa, e os reguladores trabalham para impulsionar esse produto, garantindo que as seguradoras ofereçam soluções alinhadas às expectativas dos consumidores, preenchendo lacunas de forma responsável e socialmente útil.
Finanças Sustentáveis e o Apoio do Setor Financeiro
O encontro também abordou o papel decisivo do setor financeiro no apoio às ações sociais e ambientais. Claudia Prates, diretora de Sustentabilidade da CNseg, destacou o Brasil como exemplo na atração de capital e o desafio de aproximar bancos, mercado de capitais, seguradoras e análise de risco. Amaury Oliva, diretor-executivo de Sustentabilidade, Cidadania Financeira, Relações com o Consumidor e Autorregulação da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), afirmou que o risco climático é também financeiro, e que a Febraban discute o gerenciamento de risco socioambiental desde 2008, enfatizando a importância de conceder crédito para projetos com métricas ASG bem definidas. A embaixadora Tatiana Rosito, secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, concluiu que, em um mundo de incertezas, o setor de seguros é fundamental para a gestão de riscos climáticos, especialmente com o Brasil assumindo a presidência da COP em novembro de 2025.
A Casa do Seguro na COP30: Um Espaço de Diálogo e Soluções
Durante a COP30, a Casa do Seguro, iniciativa da CNseg, funcionará de 10 a 21 de novembro em Belém, próxima ao espaço oficial da conferência. Com 1,6 mil m² de área útil, o local terá uma plenária para 100 pessoas, seis salas de reunião, lounges, estúdio de podcast, sala de imprensa, área de convivência e espaços para exposições culturais. O projeto é ambientalmente responsável, seguindo conceitos de evento neutro e resíduo zero, com uso eficiente de água e energia. A agenda da Casa do Seguro abordará temas como proteção social e de investimentos, finanças sustentáveis, infraestrutura resiliente, inteligência climática, seguros e agronegócio, descarbonização da frota brasileira e o desenvolvimento industrial sustentável. A iniciativa conta com o apoio de empoderadores como Allianz, AXA, BB Seguros, Bradesco Seguros, Caixa Seguridade, MAPFRE, Marsh McLennan, Porto, Prudential e Tokio Marine. Para mais informações, acesse casadoseguro.org.br.
Perspectivas Futuras: O Compromisso Contínuo
O setor de seguros demonstra um compromisso robusto e proativo em relação às mudanças climáticas. Ao gerar dados, insights e soluções inovadoras, ele se posiciona como um pilar essencial para a construção de um Brasil mais resiliente e sustentável. A colaboração entre seguradoras, governo, agronegócio e setor financeiro é a chave para enfrentar os desafios e garantir um futuro mais seguro para todos.
Fonte: Valor Globo
Astério Vieira é Diretor da Prime Valle, empresa fundada em 1996 e referência nacional em gerenciamento de riscos, seguros e logística. Com mais de 25 anos de experiência no setor, atua com foco em soluções para transporte, frota, danos ambientais e seguros aeronáuticos, oferecendo confiança e tranquilidade a pessoas físicas e jurídicas em todo o Brasil.