Você já parou para pensar na importância dos seguros em tempos de crise? As lições aprendidas com a pandemia e desastres climáticos são valiosas e precisam ser discutidas.

O impacto da COVID-19 no mercado de seguros

A pandemia de COVID-19 e as recentes catástrofes climáticas, como a que devastou o Rio Grande do Sul em 2024, revelaram uma verdade dura: o mundo ainda não está pronto para lidar com riscos de grande escala. Esses eventos, que ultrapassam fronteiras e desafiam a capacidade de resposta de governos e empresas, deixaram marcas profundas, especialmente no setor de seguros.

Durante a pandemia, ficou claro que o risco sistêmico é uma realidade. Os modelos tradicionais de precificação simplesmente não conseguiam lidar com algo que afetava pessoas, empresas e governos ao mesmo tempo. Contratos de interrupção de negócios, por exemplo, mostraram-se ineficazes diante de um evento global dessa magnitude. Isso gerou frustração e um debate intenso sobre o verdadeiro papel social do seguro.

A vulnerabilidade das residências em desastres climáticos

No Brasil, a situação das catástrofes climáticas é ainda mais preocupante. No desastre de 2024 no Rio Grande do Sul, a vulnerabilidade ficou escancarada: menos de 15% das residências tinham seguro, e uma parcela ainda menor contava com cobertura específica para enchentes ou deslizamentos. O resultado foi devastador, com mais de R$ 10 bilhões em prejuízos e milhares de famílias desamparadas, dependendo unicamente da ajuda estatal ou da solidariedade.

O problema vai além da falta de uma cultura de seguros. O risco climático, que antes era visto como uma exceção, agora faz parte do dia a dia. As bases atuariais precisam se adaptar para incluir novas frequências e severidades desses eventos. Sem seguros adequados, o tempo de recuperação de uma região pode levar anos, não apenas meses.

Modelos híbridos de proteção: a solução para pandemias

Apesar dos desafios, a pandemia também destacou o valor da prevenção, da digitalização e dos seguros focados em saúde e renda. Corretores e seguradoras que já investiam em canais digitais conseguiram manter o atendimento, e produtos como telemedicina foram essenciais para apoiar famílias e empresas. A grande lição é que pandemias exigem modelos de proteção híbridos, que combinem fundos público-privados e produtos paramétricos. Estes últimos são capazes de oferecer indenização automática e rápida quando um evento é declarado.

Para as catástrofes climáticas, o país precisa investir em pools de resseguro climático, fundos de catástrofe regionais e produtos paramétricos que agilizem a reconstrução. Essas soluções são cruciais para garantir uma resposta eficaz e rápida.

A importância da digitalização e prevenção

É inegável que a digitalização e a prevenção são pilares para o futuro do setor. A integração de tecnologias como inteligência artificial e dados climáticos pode tornar a precificação mais justa e a prevenção mais eficaz. Além disso, a educação financeira e campanhas de conscientização são fundamentais para que a população entenda a importância de se proteger.

O seguro como política pública de resiliência

As lições são claras: é hora de o seguro ser tratado como uma infraestrutura essencial, assim como a energia, a saúde e o saneamento. O setor tem uma oportunidade histórica de criar fundos de pandemia e catástrofe com capital público e privado, desenvolver soluções paramétricas baseadas em dados meteorológicos e epidemiológicos, e propor incentivos fiscais que estimulem a contratação de seguros com função social.

Mais do que um simples produto, o seguro deve ser visto como uma política pública de resiliência. O futuro da proteção coletiva depende da nossa capacidade de aprender com as crises. Pandemias e catástrofes nos lembram, de forma dolorosa, que o seguro não é um custo, mas um investimento vital na continuidade da vida, da economia e da esperança.

Fonte: Cqcs.com.br