
A transição climática é um tema urgente e relevante para o Brasil. Neste artigo, vamos explorar como o setor de seguros pode ser um aliado fundamental nesse processo, oferecendo soluções e proteção contra os riscos climáticos.
O Impacto das Mudanças Climáticas no Brasil e o Papel do Seguro
E aí, pessoal! A gente sabe que o clima está mudando, e o Brasil sente isso na pele. Nos últimos dez anos, um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revelou que impressionantes 94% dos municípios brasileiros tiveram que declarar estado de emergência ou calamidade por causa de eventos climáticos. Isso gerou um prejuízo gigantesco, que soma R$ 327 bilhões. Só para ter uma ideia, as enchentes do ano passado no Rio Grande do Sul causaram cerca de R$ 100 bilhões em perdas, e pasmem, apenas 6% desse valor estava coberto por seguros. Esses dados vêm da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg).
Para Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, essa enorme lacuna na cobertura de eventos climáticos não é só um problema, mas uma grande oportunidade para o setor de seguros. Ele destaca que os eventos extremos não afetam apenas o volume de indenizações, mas transformam a própria natureza do mercado segurador.
A Importância do Seguro na Proteção Contra Desastres
Diante desse cenário, o seguro se mostra um aliado crucial. Claudia Prates, diretora de sustentabilidade da CNseg, explica que o setor tem um papel duplo: é impactado pelas mudanças climáticas, pois lida diretamente com riscos, mas também é um provedor de soluções. Isso significa que o seguro não só cobre os prejuízos causados por catástrofes, mas também ajuda na mitigação de novos eventos.
É fundamental, por exemplo, que tecnologias e infraestruturas voltadas para a transição climática tenham cobertura. Projetos de reflorestamento e agricultura regenerativa, que são soluções baseadas na natureza, precisam de seguros específicos contra queimadas, inundações e pragas. Ter essa proteção extra dá mais segurança e resiliência a esses investimentos.
Casa do Seguro: Um Hub de Soluções Climáticas na COP30
Para impulsionar essa discussão e construir soluções em conjunto, a CNseg está organizando a Casa do Seguro. Essa iniciativa acontecerá em Belém, durante a COP30, e será um verdadeiro hub de conteúdo, diálogo e articulação. O objetivo é posicionar o mercado segurador no centro das discussões sobre o clima.
O espaço, um pavilhão de 1.600 m², ficará bem pertinho do hub principal da conferência da ONU. De 10 a 21 de novembro, ele receberá autoridades governamentais, líderes empresariais e representantes de organizações internacionais para painéis, trocas de experiências e negociações. Esse projeto só foi possível graças à parceria de nove seguradoras que atuam como empoderadoras: Allianz, AXA, BB Seguros, Bradesco Seguros, MAPFRE, Marsh McLennan, Porto, Prudential e Tokio Marine.
Desafios do Setor Segurador na Nova Realidade Climática
Dyogo Oliveira aponta que um dos maiores desafios para as seguradoras é a necessidade de remodelar a análise de riscos. Tradicionalmente, essa análise se baseia em históricos e no passado. Contudo, com a nova realidade climática, “o cenário atual não se comporta mais como antes, então não adianta mais olhar para trás para prever riscos futuros”, afirma Oliveira. É preciso inovar e buscar novos modelos.
A CNseg, nos últimos cinco anos, tem intensificado seu foco na transição climática, participando de eventos importantes como a COP de Dubai em 2023 e a de Baku em 2024. Além disso, a confederação tem buscado parcerias e trocas de conhecimento com associações e empresas de seguro de países como França e Reino Unido. Essa construção de uma nova realidade para o setor é fortalecida por um hub de inteligência climática, que busca aprimorar o conhecimento sobre incidentes e riscos, permitindo o desenvolvimento de produtos mais adequados às novas demandas do mercado.
O Papel do Setor Público na Proteção Social
Oliveira também levanta uma questão crucial: o setor público ainda carece de atenção especial. Ele ressalta que, atualmente, não há seguro para a infraestrutura do Estado, como escolas e hospitais públicos. Mais grave ainda, não existe qualquer proteção para a sociedade em geral. Essa falta de cobertura deixa a população e os bens públicos vulneráveis aos impactos dos eventos climáticos.
Países como México, Peru e Chile já implementaram programas para proteger seus cidadãos em caso de incidentes climáticos. Inspirada nesses exemplos, a CNseg já apresentou ao governo brasileiro um projeto de seguro social de catástrofe. Segundo Oliveira, essa é apenas uma das muitas formas pelas quais o setor pode atuar como instrumento de resiliência para a sociedade e os negócios. Aloisio Lopes de Melo, secretário nacional de mudança do clima do Ministério do Meio Ambiente, reforça a importância de mais instrumentos para lidar com os impactos climáticos, destacando o desenvolvimento de produtos de seguro como uma área vital para minimizar os efeitos sobre infraestrutura, economia e comunidades.
Como se Preparar para a COP30 e Além
Para aquecer os debates e preparar o terreno para a COP30, a CNseg promoverá um evento pré-conferência em Brasília, no dia 8 de outubro. Será um dia inteiro de conversas e trocas sobre a estratégia do mercado de seguros brasileiro frente às mudanças climáticas. O encontro reunirá autoridades, parlamentares, líderes do setor e representantes do terceiro setor para adiantar os temas centrais que guiarão as discussões na Casa do Seguro, em Belém.
Os eixos temáticos incluem:
- Proteção social e dos investimentos
- Finanças sustentáveis
- Infraestrutura resiliente
- Inteligência climática
- Seguros & agronegócio
- Descarbonização da frota brasileira
- Como os seguros podem auxiliar no desenvolvimento industrial mais sustentável
As inscrições para este evento, que acontecerá das 14h às 18h30, são gratuitas e já estão abertas. Não perca a chance de participar e contribuir para essa discussão tão importante! Garanta sua vaga aqui.
Fonte: Capitalreset.uol.com.br

Astério Vieira é Diretor da Prime Valle, empresa fundada em 1996 e referência nacional em gerenciamento de riscos, seguros e logística. Com mais de 25 anos de experiência no setor, atua com foco em soluções para transporte, frota, danos ambientais e seguros aeronáuticos, oferecendo confiança e tranquilidade a pessoas físicas e jurídicas em todo o Brasil.